(sangue)
um leitor diz-me: um poema tem que ter sangue (quero responder-lhe que não sei o que é isso de ter que ter sangue sobretudo ou outro líquido se isto dos estados da matéria dos países tem tudo a ver com o texto momento ele mesmo correndo vivo sem que o sangue seja preciso mas pergunto ao leitor se devo incluir assuntos sólidos sérios ilhas duras de carne literária rodeadas de mar caldo invisível e penso com que preocupações deverá um corpo escrito preocupar-se com que angústias vermelhas que urgências líquidos maquinações contas de luz por pagar poderão nele circular se nunca é evidente quase ar para mim que sou leitor e não digo o que deve ter um ( ) muito menos aqueles que são os poemas entranhas dos outros) respondo: um leitor tem que ter sangue – tudo o resto pode ter e não ter ou não * (ar) durante um minuto é possível respirar duas vezes breves segundos entre duas legendas é possível dizer durante um minuto é possível olhar para fora deste ecrã habitado morrer duas vezes duas palavras de cada vez durante um minuto é possível demorar ser quase velho como um astro novo para sempre é sempre possível nada ficar intacto durante um minuto * (metal) vigilância musicada ao valor dos bolsos ao som dos votos sou caixa de esmolas
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Abril 2021
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