E vennero navicando bene tre mesi, tanto che giunsero a l’isola Iava, nella quale à molte
cose meravigliose che noi conteremo in questo libro. Il Milione De São Paulo a Pequim mais de 25 horas, aproximadamente 17 588 km, um hemisfério aquoso chamado Pacífico & nove paradas antes de um coração parar de fender * Zora foi esquecida pelo mundo, quando Marco Polo ali chegou não havia sinal de civilização, Zora deixava na memória de quem fosse a exatidão de de seu território, De tanto presentificar-se desapareceu, Tal Zora suas retinas vaneceriam ao meu olhar * Como se em Anastácia estivesse, tornei-me um minerador de ágatas ônix, subjugada em meu gozo laboral. * Não existe viva testemunha de ter estado em Irene Marco Polo ali nunca pisou, Kblai Klan jamais teve notícias de como seria seu interior, Enquanto tateava a fim de alcançá-la, a cidade distendendo seus paralelepipedos fugia longe Irene seria a preferida dentre as cidades onde nunca tivera entrado. * Os habitantes de Ândria quiseram ensinar-me a prudência necessária para antes de tomar qualquer decisão, ajustar o desenho do céu pena eu ter andaimes nas mãos. * Semelhante os astrólogos de Perínzia tive a mesma aptidão para destacar-me em matéria de desastres * I morar em Sofrônia deve ser cansativo, dividida em dois aglomerados a parte fixa da cidade a cada nova temporada é implodida enquanto a parte móvel espera espera até que uma nova caravana chegue II Todos os anos refaço minhas tranças, corto os cabelos, & pinto de verde as paredes do meu quarto Todos os anos espero até que uma nova caravana chegue. * Tamara roubou-me as têmporas, os bolsos, os óculos, as mechas loiras, os esmaltes das unhas, o RG, o endereço, o sexo, o coração, os solados dos pés, os casacos de frio, a vontade de morrer, a vontade de matar, a vontade de enlouquecer, Tamara devolveu-me sem rumo, sem passado, Tamara, passou-me a limpo. * Diomira devolveria minhas tardes frescas de setembro Diomira estancaria o sangue em minhas narinas Diomira levaria-me à China. * Moriana era diferente de como o navegante genovês a descreveu suas portas de alabastro transpareciam luz as aldeias continuavam inteiramente de vidro mas guiada pelo aviso de perigo procurei pelo seu avesso não encontrando sua face de eixos hirtos de pregos revolvi por lá passar ainda algumas horas antes do porto de Tianjin aportar * a oeste da baía de Bohai, 170 km de Pequim, dentro da região estuarina do rio Haihe O porto de Tianjin abrigaria em sua vastidão portuária artificial o que sobrou do peso das minhas mãos frias.
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ECLODIR
Por algum tempo equivoquei-me crendo ser imprescindível habitar apenas as palavras para fortificar o verso. Esquecendo-me, porém, o verbo germina-se; é o próprio ser. Para o poema basta a falta – eterno algo porvir. * FLAGELO um dia éramos três amigos entre versinhos de amores-impossíveis crendo compor poemas (os outros desistiram a tempo) nenhum dos três encarou o poema por dentro somente eu ainda tento eles escreviam com outras metas finalidades essa ofensa ao poema: utilidade * POLINIZAÇÃO I. Dotado do mais ordinário: as mãos em sinais de oferta. Trago comigo o jejum das abelhas – o desabrochar em flor deserta. II. O pólen escoado dessa labuta primaveril diz qualquer coisa sobre o divino: os ventos dos mistérios zumbem em nosso destino. Quero dizer que se todos nos importamos com comer imediatamente, importa-nos ainda mais não desperdiçar apenas na preocupação de comer imediatamente nossa simples força de ter fome (ARTAUD). i.
corpo-terra corpo-oceano: todas as nuvens passam sobre mim. ii. corpo-manhã: incendiado pelo sol que irrompe a janela. iii. corpo-ritual: espíritos que ardem diante do tambor. iv. corpo-físico: armadura que cobre meu coração. v. corpo-imagem: onde vejo meu longo acontecer. vi. estar como Buda: corpo-imenso adensa a lua. Tabacaria
Foi neste banco que tirámos a prova dos 9 como quem arranca as portas do coração e o entrega à vadiagem dos sentidos. A esse banco, que não pode mais ser este banco, eu torno todos os santos domingos para beber um pouco mais do nosso sangue até secar a língua a ferro. Nos dias de semana, aqueles em que vestimos as peles de cordeiro e mentimos trapaças que de nós façam hábeis asnos, fazes perguntas sobre arquitectura, sobre como levantar um lugar vazio: é mesmo possível erguer paredes e dentro fazer arder corpos? Costumo responder-te, quando me vejo amiúde no banco, ao domingo, que não houve senão ausência a manter viva a chama do cinzeiro a que nos acostumámos a chamar casa. * Glossário I As baratas constroem a noite no subsolo do apartamento, igualmente a (rare)fazem além-tejadilho. Imobilizam-se, e a um determinado estímulo reagem eufóricas, espavoridas. Faça-se, todavia, uma advertência (está na moda e é um por cento das vezes necessária). O perigo é latente: isso das baratas serem tontas deve ser inveja popular, presunção de fazer caber um modelo na frase à deriva, caminho avulso no meio da pedra, a ânsia pisada por uma canção compensatória. Um palmo de pessoa na testa a medir fervuras. Eu acho bem mais eficaz falar do medo para o desviar, fingi-lo oculto debaixo da língua jorrante e eventualmente, em redor do fogo, com os amigos, tropeçar nele e rir, como a literatura ensina. Eu gostava de ser como as baratas (o ódio é o amor selvático na pequena eternidade dos quartos): ágeis no abandono, persistentes na repulsa cadente que vão tecendo pelo caminho fora. II Que significa a viagem? Que no silêncio eu carregue os mortos Que me acompanham. III Se me vens decifrar, mato-te. E, cuidado, que eu sou versada é em torturas. *
quando aquele primeiro feriu-te a pele com a ferrugem das espadas abriu-se o canal estreito por onde nosso sangue padece. mas enquanto houver pássaro que repouse ao relento e construa nas entranhas o abrigo para as horas serei a vibração na qual doem as palavras a memória a corrente demorada do canto até tuas veias * ninguém ouviu quando os primeiros pássaros tocaram o chão e as flores despertaram do sonho do tempo mas continuas a procurar esta canção antiga na memória das campinas e cresces lentamente com os teus ouvidos dispostos sob meus seios sabes que desejas um sítio tão imóvel quanto este e que toda a ideia de uma criança nasce a partir daí ardendo como um mistério e coberta com o sangue de um país encarnado fluindo em meio às parábolas do girar dos anos mas também sei que a tua infância se multiplica através do mesmo idioma e hei de separar nas tuas mãos o joio do trigo e cantar mais uma vez sobre os corações que pulsavam nos campos onde a fome era o desejo e as preces das manhãs reuniam a luz dos deuses sem nome e sem escuta deste mesmo céu dilacerado * é difícil o mecanismo do silêncio a princípio, as extremidades falam e o corpo inteiro é a morada do fogo não há uma só palavra que não tenha sido consumada não há um só espinho que não tenha entrado no coração dos homens e todas as flores crescem com o sangue dos amantes então os batimentos dançam como anjos machucando o solo as raízes não o sabem, mas por elas anunciam-se a morte, a beleza é por elas que os mortos nos ensinam a cair (os vivos é que não voltam) e que assim é o verbo dito ao seu tempo não se entende a sua face oculta nas noites desertam-se então as cinzas chamam ao vazio o seu lugar secreto feito de suor e ruínas de uma civilização insone mas é preciso cegar-se é preciso tatear no escuro o véu que jamais se rasga e no perfil agudo dos pássaros que ainda cantam forja-se um eco inventado para suportar o peso do interior do mundo |
Histórico
Março 2021
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