Usando a fotografia como medium, aproximei-me de pessoas. Este é o resumo do meu trabalho, numa frase. Poderia citar-vos Susan Sontag e falar-vos da câmara como arma, ou então explorar a secular crença de que a cada fotografia que lhe é tirada, o sujeito perde parte da sua alma. Poderia conceptualizar o meu trabalho, atribuindo-lhe adjectivos e dimensão, usando a palavra como adereço, mas eu quero é mostrar-vos as imagens e dizer-vos que estas fotografias foram tiradas com enorme compaixão, com respeito e admiração por aquelas que se colocam, expostas e vulneráveis, frente à minha lente.
Em vez de falar de mim, ou do meu trabalho, escolho falar-vos da valentia destas mulheres que, anos após anos de saberem que é suposto esconderem-se, elas escolhem, e friso, escolhem não se esconder. Eu tive a sorte de estar na sua presença, e de as registar. Parece místico pensar que ao fotografar em filme, é-me possível ter ainda mais sorte, pois pude presenciar, registar, e guardar para sempre estas mulheres em algo físico, como o negativo. Por cima do meu guarda-roupa, numa dezena de caixas, guardo um já sem conta número de negativos destes. Aqui estão algumas destas mulheres.
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Janeiro 2021
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