Grande é o pêndulo de pele que cai em forma de nariz.
Unidas as sobrancelhas, em frente ao televisor, com um sorriso forçado, como convém a todo e qualquer político, a cara fala aos homens. O rosto, um punhado de bochechas peludas, narra secretas mentiras de dedo erguido. Deixa o acróstico e fala do homem que, em desenho, tinha aquilo que todo o político mentiroso tem: uma cara de caralho, literalmente de Caralho.
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Ofício para um Ouvido
Que margens do medo (dobras do espelho) bordam a máscara do papel entre um lado e o final da palavra [silêncio? * Figuras de Manejo da Memória Busco um rosto retirado de duas mãos Se completam e desfazem São cavalos sobre o sal da terra - Silenciam. Persigo um rosto e pertence à noite Em ruínas que só as raposas conhecem. Uma lanterna aponta, em um quarto - unidas - Vozes úmidas conjuram os nomes de origem Em algum lugar do espaço Correspondem-se, sem razão, Duas feridas e um fruto mordido. chamo meu amor de craqueira
e ela me chama de craqueiro é tão bonito o crack nos uni o crack nos faz sentir o amor que falta hoje vendi o mega-drive os dvd’s do robô gigante a belina 88 adesivada cheia de brinquedos agora disponho níquel pra mais crack quero consumi-lo confiar que após a morte há ets, universos paralelos e narcóticos incríveis minha craqueira até furtar ela furta que legal, não? na brisa, dialogamos sobre engradados como são injustiçados os engradados ninguém se importa com eles não sabem da onde vem, pra onde vão, não há leis que os resguardam coitados ser engradado, no Brasil, é difícil minha craqueira segura o cachimbo belamente. espontânea ensina os nossos filhos: ‘é importante segurar cachimbo’. eu sou violento irreversível naquilo que creio: nas noias, somente nas noias. Jesus, a bola de futebol, me diz: esférica, será sempre? preciso saber senão enlouqueço, faço selvageria, chacino em partes, sem dó. Jesus, você não me respondeu! vou enlouquecer, virei um gif animado. o crack nos uni o crack nos faz sentir o amor que falta hoje Esta coluna pretende estabelecer um diálogo entre a Poesia e as Artes Visuais, recorrendo a técnicas de colagem para a interpretação visual de poemas (ou excertos de poemas) de autores lusófonos. Referências Bibliográficas
Colagem 1: Tavares, Ana Paula; Poesia – Dizes-me Coisas Tão Amargas Como os Frutos, Lisboa, Editorial Caminho, 2010, p. 17. Colagem 2: Belo, Ruy; Todos os Poemas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 48. Colagem 3: Guimarães, Fernando; Algumas das Palavas (Poesia Reunida 1956-2008), Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2008, p. 24. É linda
é mais feita para se ver do que para outra coisa qualquer. * Já os oito jantámos juntos bebemos do mesmo vinho. Quantas vespas do sol poisarão nos arbustos altos entre nós quantos gestos verteremos no depósito do desencontro? * Agora que a juventude me anda a ir embora pelos olhos não há sexo, não há, como é que se diz, ternura, não é?, que valha os braços as clavículas a alegria das raparigas. |
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Abril 2021
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